domingo, 7 de abril de 2013

Quase Famosos (Cameron Crowe, 2000)






Eu como fã de Rock’n’Roll logicamente amo os filmes com a temática. Alguns deles conseguem de uma forma incrível fazer com que eu me sinta verdadeiramente entrando numa máquina do tempo e voltando aos anos 60-80. Gosto desses filmes não só pelos sentimentos que me passam, mas porque também, é uma forma de presenciar o que aconteceu sem ter vivido. Um dos filmes que explora tudo isso de uma forma fantástica é “Quase Famosos” dirigido por Cameron Crowe em 2000, que ainda impulsiona essas sensações por ser um filme praticamente autobiográfico.

No filme acompanhamos um pouco da vida de William Miller, um garoto de 15 anos, fã de rock,  que tem a oportunidade de escrever para a revista mais importante dos Estados Unidos, a Rolling Stone, acompanhando a turnê da banda fictícia Stillwater. 


De abertura nos é mostrado um ponto da infância de William muito importante, mostra a saída de sua irmã de casa, representando também, um pouco da educação repressiva e insana da mãe de William, chegando até mesmo ao ponto de mentir a idade do menino para que ele não “vivesse” a adolescência. A irmã de William, Anita Miller (Zooey Deschanel) vai embora de casa e deixa sua coleção de discos para o irmão, que os encontra em baixo da cama, dando sequência a uma das cenas mais simbólicas do filme. Aí temos a transição para a adolescência de William, agora com 15 anos, nos apresentando Lester Bangs (Philip Seymour Hoffman), que realmente existiu, na época conhecido como o crítico musical mais influente dos Estados Unidos. Lester Bangs, apesar de aparecer pouco, é um dos meus personagens preferidos do filme. Ele representa o amor juntamente com a insatisfação pelo rock. O filme se passa nos anos 70 e Lester já falava que William havia perdido a época boa (hã?), se tornando uma espécie de padrinho na estrada de William lhe falando e aconselhando sobre o mundo do rock e da carreira de jornalista nesse meio.



Se você vai ser um jornalista sério, um jornalista de rock [...] você não tem nada de controverso cara. Eles vão te pagar bebidas, você vai conhecer garotas, vão tentar te pôr de graça nos lugares, vão te oferecer drogas.  Sei que parece legal, mas essa gente não é sua amiga sabe, é gente que quer que você escreva matérias hipócritas sobre geniais astros do rock, e eles vão estragar e acabar com o Rock’n’Roll e com tudo o que nós amamos neles.


 

William consegue uma oportunidade na Revista Rolling Stone e vai acompanhar a turnê da banda Stillwater, a partir daí temos um verdadeiro documentário sobre o cenário do rock nos anos 70, ao mesmo tempo em que acompanhamos o início da carreira de William e consequentemente do diretor Cameron Crowe, que também escreveu para a Rolling Stone e acompanhou turnês de Bob Dylan, Neil Young, Led Zeppelin...
Durante o desenrolar da história vemos William ter verdadeiro conhecimento sobre o mundo pelo qual ele era tão apaixonado, conhecer as groupies, assim como se apaixonar por uma, Penny Lane (Kate Hudson), que também é baseada em uma paixão do diretor.  O filme meio que faz uma interseção entre as vidas dos dois, acompanhamos os descobrimentos de William, juntamente com a preocupação e remorso  de uma mãe severa, os sentimentos de Penny e o que havia por trás de uma roadie “libertina”.  As vidas dos dois cruzadas com a “curtição” dos primeiros anos do rock, a realidade por trás dos bastidores dos shows, as disputas entre as bandas e seus integrantes...

“Quase Famosos”, assim como todo filme com temática rock, tem uma trilha sonora espetacular, assim como cenas épicas. Como a já falada cena de transição de William com os discos, e a cena mais bela do filme, quando todos no ônibus cantam em coro a música “Tiny Dancer” de Elton John, que ainda hoje me arrepio ao ver.




“Famosos” é muito mais do que um filme “de rock”. É uma história sobre sentimentos, brigas, e acima de tudo, a história de um jovem como você, ou como eu. É a história de um menino que descobriu o rock na infância e quer “viver” falando sobre ele, que se entristeceu ao ver certas coisas no meio. É a história de como jovens causaram transtorno em suas casas numa época de quebra dos padrões. É também uma história sobre deuses imperfeitos, sobre decepções amorosas, sobre desiludidos musicalmente (Lester Bangs). É uma história sobre música, é a história de uma época de gigantes.





O texto ficou meio sentimental demais, mas relevem...



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