domingo, 21 de abril de 2013

Oldboy: Uma obra-prima que não merece remake


Queria saber que recente onda é essa de remakes no cinema. Sério que a criatividade está tão em baixa? Inúmeros remakes estão por vir e já vieram, temos aí como exemplo a estreia de Evil Dead (que tristemente ainda não estreou aqui em JP) e a muito próxima estréia do novo “O Massacre da Serra Elétrica”, que é exemplo de extrema falta de necessidade.  Sério que alguém precisa de mais um? E um de “It – Uma Obra Prima do Medo" está por vir, desse eu estou com medo... muito medo! Mas essa semana fiquei sabendo que um remake de Oldboy, com direção de Spike Lee  já estava confirmado e tinha saído até um pôster. Eu realmente sou muito desatualizada das notícias cinematográficas. Sou meio anti-remakes, mas tenho que admitir que até gostei de alguns, como o ótimo “Halloween – O início”, mas fiquei com bastante medo quando vi a notícia porque quem viu o filme sabe que Oldboy é perigoso para se fazer um remake, o filme é uma obra-prima, e seria um sacrilégio estragá-lo. Pelo menos a notícia foi um impulso para escrever aqui sobre ele.



Em Oldboy temos como foco o personagem Oh Dae-Su (Min-sik Choi), um homem que é seqüestrado e preso dentro de um quarto sem saber o motivo, onde  passa incríveis 15 anos sozinho no lugar.  Ele nunca vê seus seqüestradores e recebe como comida apenas bolinhos fritos através de uma pequena passagem na porta, onde tem como companhia apenas a TV e um ser pintado num quadro. Já podemos imaginar o que acontece com uma pessoa que passa anos presa sozinha num lugar (e mais na companhia de uma TV!), ele obviamente tenta fugir e passa a ter alucinações, como se imaginar coberto por formigas, até mesmo porque respirava um gás todas as noites, que é um dos pontos importantes do filme: A hipnose.  

"Será que se eu soubesse que seriam 15 anos, teria sido mais fácil?"


Quinze anos depois Oh Dae-Su é solto sem motivos aparentes e sai ao mundo sedento por vingança. Conhece uma moça, Mido (Hye-jeong Kang), e passa a ter um relacionamento além da amizade com ela. A partir daí temos o desenrolar do filme na Busca de Oh Dae-su ao seu passado.

Oh Dae-Su e seu algoz lhe lembrando de seu passado
No filme não temos o protagonista como uma pessoa "boazinha", não chegamos a ver um homem de virtudes e que não mereça o que aconteceu a ele (sempre falamos “ah, ele não merecia isso” geralmente quando a pessoa é “boazinha”).  Oh Dae-Su é a imagem de uma pessoa como qualquer outra, não sabemos o que de terrível ou de maravilhoso ele havia feito no passado, mas pelos próprios relatos dele sabemos que não tinha sido uma vida de “bondade”, e mesmo sem essas descrições, no personagem não há muita coisa que nos cause afeição ou simpatia. Mas de alguma forma entramos com ele no infortúnio que lhe recaiu e queremos saber o que de tão ruim ele tinha feito ou que motivos alguma pessoa tão ruim teria para ter feito tal coisa com ele. 

Oldboy lhe prende não apenas por lhe deixar curioso com a história, mas também por ter uma beleza singular e de certa forma irreal. Temos cenas belas, assim como perturbadoras. É um filme violento, que ao contrário de alguns, consegue casar perfeitamente a violência com a mensagem. É uma verdadeira enxurrada de imagens impactantes muitas vezes por sua simplicidade. Uma das minhas preferidas ( é a mais famosa) e que merece muito destaque é uma em que Oh Dae-Su luta com uns 40 (?) homens num corredor. É só mais uma cena de luta coreografada. Não! É uma luta gravada em side-scrolling, o que nos faz lembrar automaticamente de inúmeros games (principalmente os de luta, lógico).




Oldboy se revela com um dos finais mais chocantes e arrebatadores do cinema, que lhe faz ficar ainda por um tempo pensando (se você é dos que ficam refletindo sobre o filme durante os créditos). 
O final nos traz uma perspectiva do filme da vida de cada um de nós. Quais os efeitos que a solidão e o confinamento podem ter sobre nós humanos? Ela pode nos transformar em monstros como o próprio protagonista descreveu? E aliada à hipnose? Pode ter efeitos devastadores?


Um filme que merece ser visto por todos. Só espero que esse remake não venha para "estragar tudo"...




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