sábado, 18 de outubro de 2014

O antigo e o avançado




Ainda me assusto um pouco com as tecnologias. Sou uma pessoa jovem, da nova geração, e apesar de passar a infância sonhando com a realidade dos filmes de ficção cientifica, durante esses quase 20 anos de vida fui vendo mudanças e ainda me assusto um pouco.

Essa semana baixei o emulador do SNES no celular (há pouco tempo estava com um celular que ainda não possuía tecnologia touch). Mesmo que já soubesse que jogos bem mais avançados já rodavam em certos celulares, e tendo achando lindo jogar um Dead Space no celular de um amigo, ver os jogos do SNES no meu celular foi meio chocante.

Há uns anos eu precisava de uma lata relativamente gigantesca e  um cartucho que era meio caro para poder jogar. Jogar o Ninja Gaiden II no celular com opções de salvar a cada pulo me lembrou o esforço que era conseguir terminar esse jogo antigamente. Posso dizer com certeza que Ninja Gaiden I e II estão entre os jogos mais difíceis que já peguei.
Curioso que observando bem, Megan Man, Donkey Kong, Mortal Kombat, jogos tão fantásticos vistos naquela tela tão pequena me causa uma triste impressão: ficam parecendo jogos “de celular” mesmo! Comparando aos gráficos de hoje, parecem realmente muito simples.

Com  8 anos tinha vontade de chorar depois de jogar várias vezes uma mesma fase de um jogo até conseguir passar, isso quando a fonte quebrada do meu console não morria, ou quando minha TV velha sumia com as imagens e só voltava com boas pancadas (vai bater numa TV de LCD pra ver se dá jeito). Quando com muito estresse, choro e ranger de dentes esforço consegui zerar o Contra (outro jogo filho-da-mãe) sem a opção de salvar (e sem o Código Konami, que infelizmente eu não sabia), nunca imaginaria que no futuro poderia pegar aquele mesmo jogo numa tela mínima e dar um save antes de qualquer ação. Também não imaginaria que mesmo nos consoles de verdade, aquela famosa tela de Game Over, não seria tão presente nos jogos.

Quando tinha videocassete, tinha que assistir Titanic em duas fitas (era linda demais aquela capa gordona), e quando o DVD apareceu, achei incrível. Lembro quando um tio comprou um DVD (o único na família que tinha) e tive a chance de assistir o primeiro filme sem a antiga lata preta: Homem Aranha. Passava horas nas locadoras só imaginando alguma forma de conseguir ter acesso à tantos filmes, já que era raro conseguir alugar, minha fonte era os poucos parentes que tinham para emprestar e ir assistir na casa. Eu sonhava com o dia em que meu quarto seria cheio de prateleiras com DVDs e fitas-cassete, e também ficava louca imaginando onde conseguiria aquele filme que vi em tal revista ou livro, mas não encontrava em lugar nenhum.  Mal sabia eu que num futuro próximo estes filmes que antes precisavam ser rebobinados e reservados em locadoras, estariam a dois cliques do meu alcance.

Quando fui ao cinema pela primeira vez assistir ao Homem-Aranha 2 , fui apresentada à um novo mundo, dez anos depois cá estava eu fascinada com a bela cena de abertura em 3D do Espetacular Homem-aranha 2. Obrigada, tecnologia.

Curioso que comparando, você percebe “defeitos” que o costume com a tecnologia de hoje não deixa que passem despercebidos. No Matrix Reloaded, há a fantástica cena de Neo com os vários Agentes Smith. Hoje em dia ao assistir essa cena, com facilidade vejo os bonequinhos computadorizados (o que não tira o mérito da cena e do filme).


Agradeço à tecnologia. As TVs trazem imagens que são muito, muito mais belas do que a realidade, tenho experiências incríveis como a que tive assistindo “Gravidade” (só lamento por você que não assistiu a esse filme no cinema), e quando tiver uma experiência com Oculus Rift, acho que  vou entrar em êxtase, mas...

Faço parte do grupo saudosista um pouco chato. De certa forma, parece que as dificuldades que tínhamos antes não importavam tanto. Ainda consigo sentir o cheiro das prateleiras que tinham as fitas mais velhas da locadora do meu bairro. Como aquelas prateleiras eram bonitas! E fico pensando em como as fotos realmente tinham importância. Precisava de toda uma preparação para fotos, e uma quantidade limitada que sua câmera tiraria, ou a de um amigo que tinha emprestado pra aquela ocasião especial. Hoje num celular podemos tirar essas fotos o tempo inteiro, jogar e ainda acessar a internet.
Fico pensando se no futuro, as crianças jogarão num PS10 e ficarão pensando como jogávamos em gráficos “pobres” do PS3. Se pensarão que a idéia de ir à uma sala de cinema para ter maior qualidade no filme era absurda. E se os efeitos dos filmes desta década parecerão “ruins” como os efeitos dos filmes de cinco décadas atrás nos parecem.


Em ordem, Os King Kongs de 1930, 1976 e 2005. Abaixo, César, o protagonista  de um dos grandes filmes do ano. Perto de César, nosso King Kong de 2005, que foi muito comentado pelos efeitos, parece um pouco falso.

O macaco César em "Planeta dos Macacos, O Confronto".  


Mas também penso se as crianças dessa geração terão tanto o que contar quanto as crianças que nasceram na década de 70, 80 e 90.
Bem, saudosismo causa muita frustração. Sinto saudades de várias coisas, mas tenho facilidades e experiências que anos atrás não tinha. E olhe que sou jovem, nem de longe tenho as experiências de uma pessoa que foi criança nos anos 80. Queria poder ver a reação de pessoas que não chegaram a viver o final do século XX, vendo a tecnologia hoje. O filme "De Volta para o Futuro" acertou em muitas “previsões”, mas estamos muito melhor do que imaginaram. Fico pensando se daqui a 60 anos eu estarei surpresa com o avanço, ou se simplesmente não me surpreenderei. Talvez ninguém se surpreenda.

Por enquanto fico esperando a inauguração de algum sala de cinema Imax aqui em João Pessoa e esperando minha oportunidade com o Oculus Rift.


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A Vida ri da sua cara

"Loser, loser, loser!"

No maravilhoso jogo “Batman: Arkham Asylum”, cada vez que você morre aparece um dos inimigos do Batman rindo da sua cara, rindo mesmo! Falando por mim, não importa que sejam poucas mortes, as aparições dos personagens fazem você se sentir um jogador muito, muito ruim.

Ás vezes vejo a vida vindo rir da minha cara como no jogo.

E ela ri mesmo.

Não só da minha.

Quando você fizer aquela coisa sem volta e ficar imaginando como poderia ter sido diferente se não o tivesse feito ela vai passar pela sua frente e rir de você.

Quando algo que não poderia dar errado der muito errado.

Quando por um acaso você estiver no lugar errado na hora errada e for vítima de uma morte inesperada!      

Ou ter o infortúnio de descobrir  que porta uma doença terrível que lhe condene á morte.

Quando o rapaz ou a moça que você tanto desejou não estiver mais na sua por você ter sido idiota pra não ir atrás.

Quando você se tornar um adulto insatisfeito com o presente e morrer de saudades da infância e adolescência que nunca voltará.

E for prisioneiro de um trabalho terrível bem contrário ao que havia sonhado na adolescência.

Cada vez que o protagonista de “Efeito Borboleta” voltava no tempo e via as coisas caóticas, pode ter certeza que a vida estava lá olhando para ele e rindo.

E também rirá da sua.

Ah, mas com você não vai acontecer nada disso não é?

Mas se acontecer pode ter certeza que ela estará lá, rindo da sua cara.


domingo, 27 de julho de 2014

Sr. Ninguém, Efeito Borboleta e a vida



Na infância, pensava muito sobre como seria minha vida, ás vezes passava horas sem fazer nada, só vegetando e imaginando como seria meu futuro, imaginando as várias possibilidades de acontecimentos que poderiam ocorrer com o passar do tempo. Ás vezes quando lembro, fico achando surreal como a cada semana me imaginava com uma profissão diferente, em lugares diferentes, e ia imaginando cada acontecimento cinematográfico, com pessoas e lugares que só existiam na minha cabeça.

Mas o futuro é só uma fantasia.

Hoje olhando para a minha vida, muitas vezes me perco imaginando como ela poderia ter sido diferente (pra melhor ou pra pior) se certas coisas tivessem sido diferentes. Se tivesse feito o ensino médio ou o fundamental em outra escola, se tivesse ido a certo lugar em determinado dia, se tivesse nascido em outro país, ou simplesmente se certos acasos da vida não tivessem ocorrido.
Essa parte dos acasos é a que mais me perturba. Tenho uma certa agonia quando penso como estamos suscetíveis aos acasos e aos acontecimentos da vida que você não planeja  ou que simplesmente não dependem de você. Somos verdadeiras cobaias do universo. Na sua infância poderia ter ocorrido uma fatalidade e você ter ficado órfão de pai e mãe, ter ido morar com um parente, mudar de cidade e sua vida ser completamente diferente do que é hoje. Pode simplesmente estar no lugar errado na hora errada e ser vitima de uma morte inesperada, talvez a forma mais cruel de aparecimento da morte.

A partir daqui o texto está repleto de SPOILERS! Então se você não assistiu os filmes citados no título aconselho que não prossiga, a menos que queira estragar a experiencia. E esses filmes eu indico assisti-los sem muitas ideias iniciais nem pesquisas.

No filme Sr. Ninguém um homem chamado Nemo acorda com 118 anos em um futuro onde os seres humanos são imortais, sendo ele, o último mortal da terra. Aos poucos Nemo vai se lembrando de seu passado. Tendo se tornado uma sensação por ser o último mortal num mundo de mortais, tem seus últimos dias acompanhados. O filme apresenta uma seqüência de lembranças da vida de Nemo, na verdade, lembranças de vidas diferentes, que aconteceriam de acordo com certas escolhas e acontecimentos. Vidas que se desenvolveriam a partir da impossível escolha entre qual dos pais o Nemo garoto quis seguir depois da separação deles. Momentos marcantes da vida, como a primeira paixão e como cada escolha o levou a caminhos diferentes pelo resto da vida. A moça que seria o grande amor da vida, seria outra completamente diferente em uma vida paralela, assim como ele. Mas todas as vidas com coisas em comum (ao meu ver),  com boas lembranças da parte dele, e principalmente, frustrações. Frustrações simplesmente resumidas ao “E se eu tivesse feito isso?” ou ao “e se eu não tivesse feito isso?”.

Por isso Nemo não relata apenas uma vida, talvez tivesse ficado tão perdido com as diferentes possibilidades que a vida apresenta que tenha caído numa ilusão e não tenha uma identidade. Por isso mesmo se denominou como “Ninguém”, não tinha uma história certa.

Essa é só a minha visão geral do filme, a reflexão principal que tive, porque claro que o filme não é só essa mastigada que eu descrevo. O filme trata a questão do tempo de forma fantástica. Lembrando em muito “Efeito Borboleta”, mas sendo este mais linear e apresentando uma  visão mais devastadora sobre nossas escolhas e os rumos que a vida pode tomar.  “Sr. Ninguém” não tem o tom trágico de “Efeito Borboleta”.  É um ótimo filme de ficção cientifica, repleto de cenas de encher os olhos (que fazem com que eu defina o filme como “lindo”), uma boa dose daquele velho romance sonhador do cinema e o mergulho nas ilusões de Nemo, o Sr.Ninguém.

Em Efeito Borboleta, o protagonista Evan lutava para esquecer coisas de seu passado e tinha o poder retornar ao momento do acontecimento. Um poder incrível que fazia com que ele pudesse mudar aquele pequeno acontecimento que tanto lamentava. Só que a alteração em um caso isolado causava mudanças em toda sua vida. Evan voltava ao futuro e percebia tudo mudado, e com novos problemas (graves problemas). Evan achando que controlava a situação terminava sendo sempre vítima da Teoria do Caos, sendo mais uma cobaia do universo. Somos todos cobaias do universo.


Os Evans do tempo.
Quem viu o filme (Se você chegou até aqui sem ter visto é porque sentiu muita vontade de estragar a experiência ) sabe que no final Evan termina optando pela decisão que talvez não fosse trazer tantas seqüências de acontecimentos trágicos.  Mas deixa a impressão que ainda assim ele fica imaginando como teria sido se não tivesse feito aquilo, ou quem sabe que não se conformou e ainda tentou mudar. Nosso Sr. Ninguém não tinha esse poder, apenas as lembranças ou ilusões das suas diferentes vidas, e quem sabe, a satisfação pela vida que viveu ou acha que viveu.

Não há como não refletir sobre esses filmes concluindo com velhos clichês como “Faça sua vida valer a pena”.  Evan passava por presentes frustrados que talvez não o deixasse tão desesperado porque ele tinha uma invejável forma de viajar no tempo, achava que tinha o controle.  Em Sr. Ninguém ás vezes dava a entender que no momento da escolha, Nemo conseguia ver como seu futuro seria.

Mas o futuro é só uma fantasia, uma ilusão perdida no tempo.

O passado é só uma lembrança distante. A lembrança perdida dos momentos e de sensações que talvez nunca mais possam ser sentidas e de atitudes que nunca poderão ser mudadas.

Só o que existe é o presente.



No momento da morte Nemo diz que é o melhor dia da sua vida. O passado já não existe, nem o futuro, que para ele não é mais nem uma ilusão. O último homem a poder lamentar o fim da vida morre dizendo ser o dia mais feliz. Por quê? Será que por ter atingido o conhecimento do tão buscado “sentido da vida”? Por estar passando por um momento de iluminação? Por estar deixando uma humanidade que não é capaz nem mais de sentir “coisas da carne”? Ou simplesmente por morrer com a satisfação das suas diversas vidas?

“Você diz que precisamos fazer escolhas... Cada uma dessas vidas é correta. Cada caminho é o correto e tudo poderia ter sido outra coisa... Não existe vida após a morte. Nem eu existo. Só vivemos na imaginação de um menino de 9 anos. Nós fantasiamos um menino de 9 anos, com uma escolha impossível."



domingo, 13 de julho de 2014

For Those About to Rock

Hoje é 13 de julho, Dia Mundial do Rock...

Quando comecei a desenvolver meus gosto pelo rock comecei pelas bandas clássicas. Principalmente após assistir o dvd  Led Zeppelin - Live Royal Albert Hall de 1970, desenvolvi uma fascinação pela era do rock dos anos 60-70 e passei bastante tempo "dedicada" a ouvir e conhecer sobre essa era.
Do final da década de 60 até a de 80 foi a era dos espetáculos. A era da tão falada rebeldia, da quebra de padrões, das bandas lendárias e dos shows grandiosos. O movimento Hippie, os guitarristas e vocalistas performáticos como Angus Young, Bon Scott, Jimmy Page, Ian Anderson, o psicodelismo das bandas de rock progressivo do final da década de 60 e a "alegria" do Hard Rock da década de 80 faziam meus olhos de pré-adolescente brilharem.
Essa prisão à era clássica do Rock veio junto com o gosto pelo metal propriamente dito, principalmente (como legítima fã da era clássica) pelo Heavy e Power Metal.

Acho que minha "trajetória" é um pouco diferente da maioria da minha idade. Porque o metal mesmo eu comecei a escutar de verdade um pouquinho (só um pouquinho) depois.
Podem falar o que for, mas a era de "rebeldia" foi até a década de 80. A geração de hoje não faz ideia do choque cultural que o rock trouxe em seu inicio. Desde que saiu da música negra americana, passando pela década de 60, onde tínhamos drogados de cabelo comprido e roupas coloridas com ideais contrários aos padrões da época. Depois veio a explosão do metal, trazendo uma versão mais pesada e até mais obscura, tendo como adeptos jovens alienados e adoradores do demônio, tudo isso numa época de ainda grande conservadorismo religioso. Tínhamos também os andróginos (não é Dee Snider?), e poucas  mulheres mal vistas que se metiam no meio (se o rock já não era um estilo pra ser escutado por gente de bem, imagine por mulheres, que deveriam ser símbolos de comportamento e delicadeza?). O Rock sofreu censura, acusações sobre o conteúdo de suas músicas, mas hoje é um estilo respeitado. Você que escuta metal pode pensar que o metal, ou seu público ainda é mal visto. Não é. Pode sofrer ainda um certo preconceito pelo público que tem aversão à ele, mas você, nem eu, nunca saberemos o que é isso.


O Rock não é mais transgressor, perdeu essa característica e talvez não precise recuperá-la;
O Rock já vive mais de meio século, perdeu um pouco de sua rebeldia mas é um dos estilos musicais mais venerados (ou o mais). Todo mundo reconhece alguma música e até nomes das bandas mais clássicas do Rock. Reconhece nomes de artistas, e considera como um estilo marcante. Não há como negar a marca que o Rock tem na sociedade.

Uma grande parte de fãs mais pessimistas falam que o rock morreu. Eu como legítima nostálgica afirmo que a época grandiosa já passou, mas não há como falar da morte de um estilo musical tão marcante que tem se reinventado trazendo bandas excelentes (não é mesmo, Mastodon?).


Termino esse post com a música que pra mim é um dos hinos do Rock.
- Mas Judas toca Heavy Metal!!!
Dane-se, essa música é um hino.



E não podia esquecer de postar essa versão versão do Kiss da música God Gave Rock and Roll To You,
que ficou ótima principalmente por causa das palavras de Paul Stanley no final!

domingo, 22 de junho de 2014

Fazer música não é para os fracos

Quem começa a se apaixonar por música e enveredar por tocar algum instrumento faz isto guiado pela paixão, pela beleza dos sons produzidos por um instrumento, ou até mesmo pela imagem passada por isto.

A visão de um guitarrista virtuoso, de qualquer pessoa que domine bem seu instrumento é bela, enche os olhos. Esta imagem, envolta pelo som produzido pela pessoa e seu instrumento se torna ainda mais bonita. Paganini impressionava platéias, grande virtuoso, seu talento derivava de “poder satânico”, assim era muito falado sobre ele.  Beethoven, “gênio”, até hoje é venerado.  Jimi Hendrix, o ícone de uma geração de guitarristas performáticos, sua performance no palco e sua técnica que trouxe inovações o levou ao patamar de “melhor guitarrista do mundo”. Hendrix quando tocava, fundia-se com sua guitarra.
Bons instrumentistas encantam, passam admiração. A música é tão incrível que o ato de tocar um instrumento, de produzir uma boa música é visto por muitos como uma habilidade para poucos, um “dom”. A natureza tem seus próprios sons, o canto dos pássaros junto com o balançar das folhas e o barulho da queda das águas formam sons únicos, mas produzir música não é uma coisa simples.
Quando quis enveredar pela música e aprender a tocar violão e guitarra fui movida por aquela velha admiração. Achar o som do violão bonito, sentir o arrepio ao ouvir incríveis solos de guitarra, e pela própria “imagem cool” da música.  Quem começa a escutar rock sabe o quanto a “imagem” do rock parece ser impressionante, tocar guitarra passa a ser uma coisa que vai lhe dar um “poder” uma imagem legal, mas isto não só no rock.
O inicio do aprendizado de um instrumento é árduo, seu cérebro parece não estar coordenando seus membros da forma correta, e a música que parecia ser tão bela, quando tocada por você numa tentativa iniciante e limitada se torna um horror. A sensação de incapacidade, na fase inicial ás vezes se torna quase impossível de não ser sentida. Por essa fase só passa os que realmente sentiram “o chamado” da música, pois a dificuldade exige muitas horas  do seu tempo, e essas horas de dedicação só são encaradas sob a visão de futuramente tocar aquelas melodias tão desejadas.
O desafio do inicio é o que torna a música ser encarada por muitos como coisa de quem tem “dom”. Com certeza você já deve ter conhecido alguém que disse que começou a tocar algo mas não foi á frente, não se deu bem porque “não tinha o dom e deixou pra lá”. Desculpa, pura desculpa. Acredito que existem sim pessoas que tem mais facilidade, que são melhores em compor, tem uma sensibilidade maior, assim como há pessoas que cantam muito bem sem fazer aulas de canto, e outras (como eu) cantam tão mal que talvez não consiga nem com aulas. Mas tenho a impressão que quando muitas pessoas vêem músicos virtuosos, daqueles que impressionam mesmo, pensam que um belo dia eles simplesmente acordaram tendo incorporado um espírito from hell, pegaram o instrumento e começaram a tocar  e compor inacreditavelmente.
A música é cruel e individualista, se você quer ser grande precisa dedicar muito da sua vida, alguns meses tendo se afastado dela, e seu instrumento (ou instrumentos) irá lhe detonar. Pra quem almeja um bom desempenho, o estudo da música se torna uma obrigação, e toda obrigação se torna uma tortura quando não direcionada a algo de muita paixão. Aqueles que falam que tocar um instrumento (violão no caso, por ser mais popular) é fácil, estão mentindo. Ou mentiram ou só tocam Legião Urbana nos almoços de Domingo.
A música é uma terapia, pra quem realmente gosta é um prazer, um alivio, mas nem sempre é assim. A música muitas vezes para mim se tornou um martírio. “não quero tocar hoje, mas tenho que tocar todos os dias”, “hoje eu não estou com vontade, mas tenho que treinar meu ouvido sempre se não minha percepção musical vai pro brejo”. São dilemas que vários (não direi todos) músicos ou aspirantes a músicos sofrem. Quando isto começa a acontecer, vai abrindo os olhos se não a música se torna um fardo na sua vida. Todas essas coisas impulsionadas por aquela técnica que você vem há dias tentando fazer e não consegue, ou por aquela criança de oito anos que toca muito melhor do que você.
Em algum lugar vi uma entrevista de um pianista, ou pode ter sido simplesmente um conto que li por aí, não me lembro. O pianista fez um concerto e ao final uma senhora foi falar com ele e falou:

- Caramba, eu teria dado minha vida pra tocar assim como você.

No que ele respondeu:

- É, você teria dado, eu dei a minha.

O que vou falar pode ser meio clichê, mas...
A música exige, mas o prazer de executar aquela música tão desejada, de ver uma composição ou um arranjo próprio, esmaga os dias solitários com o instrumento, a falta de paciência  com coisas que não conseguiu fazer e ás vezes o sentimento de fracasso.
Acho que perdi um pouco da grande visão que tinha nos primeiros dias de aprendiz. Talvez o sonho de tocar como Jason Becker e de fazer trilhas sonoras de games fantásticas como as de Yuzo Koshiro pareçam, ao contrário de antes, sonhos daqueles inalcançáveis. Talvez eu tenha sido um pouco atingida pelo peso da música, mas ela não vai me fazer “pedir pra sair”.
Fazer música não é para os fracos. E as cordas da minha guitarra continuarão lutando para não serem domadas e eu continuarei tentando fazer música mesmo que para isso seja necessário seguir o lema de uma das músicas dos Titãs:


quinta-feira, 12 de junho de 2014

Rust Cohle


Quando comecei a assistir True Detective esperava uma boa série, mas acabo me deparando com uma das melhores séries que já assisti e com a certeza de como as produções cinematográficas ainda podem surpreender e não tem muita previsão de "falta de conteúdo".
A série se desenvolve em torno de dois detetives que investigaram um caso de um serial killer e 17 anos depois têm que prestar depoimentos à polícia sobre esse caso, tendo suas vidas mais uma vez interligadas. O fato da série ser narrada em períodos de tempo diferentes traz um dos seus maiores atrativos, a questão do mistério e do próprio desenvolvimento dos personagens se torna fantástica. True Detective tem todas as características de uma boa série viciante: Uma história interessante com um mistério que lhe deixa preso e cada episódio de tirar o fôlego, aquela fotografia belíssima que não tem como não encher os olhos, e principalmente personagens marcantes, ou na minha humilde opinião, um personagem marcante.

True Detective é uma ótima série, sem dúvida, mas uma das coisas que a mais torna interessante, e eu diria o dono da atenção da temporada, é o personagem Rust Cohle, o detetive interpretado fantasticamente pelo vencedor do Oscar, Matthew McConaughey. Uma das coisas que mais me encantam na produção de cinema/tv é a capacidade de interpretação dos atores, e nesta série,  Mathew mostra a que veio chamando a atenção desde o primeiro episódio.

O personagem de Rust Cohle é um homem extremamente solitário, mostrado inicialmente como um anti-social que não está nem aí pra nada. A cada palavra que solta durante uma conversa com Martin Hart, seu companheiro de caso (interpretado por Woody Harrelson), percebe-se que ele não está nem aí em fazer amizades, apenas em trabalhar no caso. Não apenas isso, Rust se mostra um cara "pessimista" e um pouco amargurado com a vida, o que se torna ainda mais enfatizado no Rust do presente, o mesmo cara fechado e solitário, mas com tudo isso agravado no seu próprio semblante de "sou superior a todos vocês".


Rust é um dos personagens mais filosóficos que eu já vi, sua aparente  insatisfação e indiferença vomitam reflexões sobre a vida.
Durante o desenvolvimento da série lembrei muito da frase de Edward Blake, o Comediante: "Quando se percebe que tudo é uma piada, ser o comediante é a única coisa que faz sentido". Talvez seja esse um pouco do lema que guiava a vida de Rust. Um cara que não tinha esperanças de uma vida "plena e feliz", e acredito que via as buscas disso como ineficazes, com dúvidas pelo próprio sentido da vida, encarava a vida com indiferença. Se dedicando por completo ao trabalho, Rust tinha algo na vida pelo que valia a pena lutar e ocupar seu tempo. 

Vendo esses comentários, pode-se pensar que é só mais um personagem "revoltado" clichê, mas Rust mostra o reflexo do eu insatisfeito, indiferente e realista. Trazendo um personagem com discursos muito além do espírito "Tyler Durden de ser". Lembra dele? Aquele personagem famosão de Clube da luta com todas aquelas frases "revolucionárias? Tudo slogan idealista.


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Campanha do Greenpeace

Oi gente vamos votar nessa campanha do Greenpeace para carros mais econômicos e menos poluentes:

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Um assunto polêmico e dois filmes brilhantes

A única certeza dessa vida é a morte. Essa é uma frase clichê que todos escutamos desde crianças.
A morte é uma coisa que desde o “entendimento por gente” de cada um, sabemos da existência. Antes mesmo de começar nossas vidas sabemos que um dia ela terá um fim. Ela, que sendo a única certeza, ou talvez o segredo dessa vida, como fala Raul Seixas na bela música “Canto para Minha Morte”, talvez a coisa mais falada e mais presenciada (todos os dias, em jornais, em noticias de próximos ou não tão próximos mortos, nas artes) pelas pessoas, é a certeza que todos temem. Sim, todos. Inclusive (ou principalmente) os que falam em alto e bom som que não temem a morte. Até esses sentem um frio na barriga de medo se passarem pelo momento de ver uma arma apontada para a cabeça. O temor em que vivemos, de andar nas ruas muito tarde, com medo dos “vampiros da noite”, é apenas o reflexo do medo de perder a própria existência, todos sabem disso.

Mas há aqueles que querem dar um fim á sua vida. Devido a problemas de saúde (em outros casos, por outros fatores, psicológicos), pessoas essas que acham que não tem mais uma vida.  Pessoas essas que muitas vezes não tem condições dar um fim á própria vida, precisando da ajuda de outros para isso. Ninguém é punido por cometer suicídio, mas quem acaba com a vida de outra sim, aí está uma das maiores barreiras que ajudam na polêmica dos suicídios assistidos.

A eutanásia está entre os assuntos mais polêmicos da humanidade. Que nem é preciso discutir o porquê. A morte, que todos temem e esperam que chegue o mais tardar possível, sendo a vontade (e salvação) de outras pessoas. De um lado há uma lei que distingue a prática em diferentes conceitos (que não vou desenvolver porque não é o foco da postagem) e condena o “assassinato”, e de outro (ou do mesmo), uma igreja que acusa e proíbe. O último sendo o provável motivo de tanta polêmica, afinal, o que mais fora uma religião seria formadora de tantos empecilhos e discussões morais e filosóficas para um assunto como este?


No cinema, dois grandes atores interpretaram dois homens que ficaram conhecidos e lutaram na justiça pelo direito da morte por escolha.


Mar Adentro 


Mar Adentro foi um filme que assisti sem muitas idéias iniciais,  apenas com boas expectativas pelos comentários. O resultado foi um dos filmes mais belos e tocantes que já vi.
O filme Conta um pouco da história de Ramón Sampedro (interpretado fantasticamente por Javier Bardem), um homem tetraplégico que enfrentou a sociedade, os familiares e a justiça na luta para ter o direito de morrer dignamente.

Mar Adentro é um filme brilhante por vários motivos. Foge do clichê, tenta mostrar realmente os próprios sentimentos de Ramón Sampedro. um filme que deve surpreender quem assiste já com idéias iniciais (que aconselho não pesquisar muito se ainda não viu).  “Mar” se mostra um verdadeiro filme artístico, sendo indicado a vários prêmios e vencendo alguns, inclusive o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Tem uma fotografia belíssima e ótimas interpretações, principalmente a tocante e realmente bonita interpretação de Javier Bardem, que se mostrou definitivamente em uma de suas melhores atuações.


Você não Conhece Jack


Provavelmente muitos dos que leram não tinham ouvido falar da personalidade do filme acima. Mas esse aqui provavelmente você conhece.
“Você não Conhece Jack” mostra um pouco da trajetória de Jack Kevorkian, o mais famoso defensor e praticante da eutanásia. Kevorkian ficou muito famoso pela prática e dedicação aos suicídios assistidos, construindo até mesmo a “máquina do suicídio”, ajudando cerca de 130 pessoas a morrer. Tendo problemas com a justiça, passando oito anos preso. Um homem que se tornou muito polêmico, não só pelo que defendia e praticava, mas pelas histórias acerca da situação de saúde de seus pacientes e por sua pessoa em si.
O filme tenta passar isso, a pessoa de Kevorkian, sua filosofia e trajeto, mas passando longe de ser um filme em defesa dele, que celebre seus atos.
A beleza do cinema está nas diversas faces que ele pode apresentar. “Você não Conhece Jack” mostra isso com maestria. Muito mais do que um filme biográfico, a forma que aborda a vida do “Dr. Morte” e a situação dos seus pacientes (ou como muitos dizem, vítimas), juntamente com a lei, faz com que seja um filme dramático, tocante, “pesado”, bonito, e acima de tudo, totalmente reflexivo.  “Jack” é um filme que mesmo que você não consiga classificar como bom, ruim ou ótimo, ou até mesmo se classificar como ruim, não conseguirá ficar inerte á ele.
O que não é preciso acrescentar, mas sendo impossível não fazê-lo, é sobre a atuação de Al Pacino, sendo realmente destaque mesmo diante de tudo o que o filme apresenta. Já se espera que Pacino sempre dê um show em seus trabalhos, mas ainda assim ele consegue mostrar que ainda está na ativa para surpreender.

domingo, 7 de julho de 2013

A falta das Videolocadoras



Pequeno texto com algumas reflexões...


Há muitas coisas bem comuns em vários bairros que você vá: Salões de beleza, mercadinhos, padarias, academias. Há pouco tempo uma coisa também bem comum eram as famosas videolocadoras.

Não é segredo para ninguém que elas estão se tornando quase artefatos históricos em cidades. O que era coisa de quase uma em cada bairro, se tornou coisa rara. Dependendo do tamanho da cidade, há pouquíssimas remanescentes.
Também não é segredo o motivo da morte rápida de quase todas elas. Com o avanço da pirataria, houve a disposição da grande massa, uma enxurrada de filmes a preço de banana. Mais barato e acessível (redundância?). Fazendo uma concorrência desleal ao mercado de filmes. Trazendo lançamentos a preços dez vezes menores do que o vendido em lojas. O negócio ficou ainda mais feio com a popularização definitiva da internet a partir dos anos 2000.  Agora, as pessoas têm, além de serviços como o Netflix (que lhe disponibiliza através de assinatura, um acervo ilimitado de filmes), um verdadeiro mundo de filmes de graça, à apenas “dois cliques”. Uma derrubada feia às videolocadoras, que não tinham como competir quando um fator tão crucial estava em jogo: dinheiro. Até porque, na internet se encontra o que nem em todas as locadoras era possível: Filmes de 50, 80 anos atrás, aquelas produções independentes mais obscuras (no bom sentido) que você lia sobre em alguma revista, mas parecia impossível de encontrar.
Toda essa disponibilidade foi a desgraça das videolocadoras, mas um prato cheio para muitas pessoas, principalmente para as “não tão ricas”. E hoje, elas ainda existem, assim como existem seus frequentadores, mas não em quantidade tão grande como antes.
É aí que começa a parte triste. 
Alugar um filme era quase um ritual. Não só para os que estavam nas locadoras todo final de semana, mas também para os que não alugavam com tanta freqüência, que geralmente fazia sessões com amigos. Era quase um ponto de encontro, onde se escolhia com amigos os filmes da sessão que ia acontecer logo. O hábito de baixar filmes se tornou uma coisa mais solitária. Faz o download, põe no Pen Drive e assiste. Mas mesmo que você faça o download e assista com amigos, não se compara ao ritual da videolocadora.
Digamos que não desfrutei muito. Vi a morte delas (que ainda não teve fim) começar no inicio da adolescência. Quando vi a primeira locadora da região ( bairros vizinhos) ser fechada, tive um susto. E quase chorei quando A locadora da minha infância foi fechada. Essa era especial. Era pequena, mas tinha o maior acervo de filmes da região. Filmes antigos, clássicos obscuros do cinema trash (que na época eu nem sabia o que era cinema trash), séries das quais eu nunca tinha ouvido falar. Essa era uma espécie de mundo paralelo (exagero), eu me perdia nela e tinha esperanças de ficar amiga de quem trabalhasse lá na triste ilusão que ia conseguir pegar filmes de graça. Foi meu sonho de infância, enquanto não me formasse, trabalhar em uma videolocadora, assim poderia assistir todos os filmes do mundo. 
Infelizmente eu não era uma cliente assídua, alugava filmes pouquíssimas vezes (nem preciso dizer o motivo), mas fazia visitas com muita freqüência. Acho que os atendentes, depois de um tempo começaram até a estranhar, aquela menina que passava horas olhando os filmes e quase nunca locava. Ou talvez por eu ser criança, nem se importavam. Foi triste ver aquela locadora tão rica, tão cheia de raridades (e com tanta história na minha vida hehe), anunciar seu fechamento com as vendas dos filmes a preços tão baixos. Vi as locadoras de onde morava e tinha morado, serem fechadas uma a uma, poucas sobreviveram.


Hoje se faz downloads de filmes em Full HD, filmes raros e desconhecidos, séries e etc. Você pode passar horas pesquisando na internet, entrar em sites que tem acervos ótimos e que parecem infindáveis. Há programas que reproduzem os filmes com menus, tudo idêntico ao que vem no vídeo. Tudo isso quase de graça, mas que não se compara á experiência de “caçar” os filmes nas prateleiras das locadoras, levar pra casa e até mesmo conversar sobre cinema com os atendentes. Assim como assistir um filme em casa, deitado, e com um banquete ao redor, nunca vai se comparar a ver no cinema. Todo mundo sabe disso, mas talvez, nem todos tenham percebido e sentido a falta que as videolocadoras fazem, e o que isso representa. Mas o que isso representa fica pra outro post.


sexta-feira, 28 de junho de 2013

A Máquina do Tempo



Histórias sobre viagens no tempo, contos sobre a famosa “Máquina do Tempo” estão entre os quais ouvimos falar desde que “nos entendemos por gente”. Ouvimos, lemos e assistimos essas histórias em livros, filmes, desenhos, seriados, que vão desde clássicos do cinema como “De Volta Para o Futuro” á histórias mais “bestas” como nos gibis da Turma da Mônica.



Mas em 1895 foi publicada a famosa e definitiva obra “A Máquina do Tempo”, do aclamado escritor H.G Wells. Esse seja talvez o livro de maior influência do autor, não só pelos motivos óbvios de abordar um tema que talvez sempre tenha existido nos sonhos da humanidade, mas pelo grande simbolismo e poesia presentes no livro.

A História, se passando em meados do século 19 (época em que o livro foi escrito), nos mostra um personagem apresentado apenas como “o viajante do tempo”, numa jogada de mestre de Wells, sem nomear  o protagonista, representando cada pessoa que sonha com a máquina. 
Ele desenvolve uma máquina capaz de viajar pelo tempo,  desafiando a comunidade científica da época, sendo visto como um lunático. Acompanhamos a jornada do nosso viajante do tempo até o ano 802.701, onde Wells mostra sua visão pessimista sobre a humanidade. Em vez de encontrar um mundo no extremo do desenvolvimento, nosso viajante encontra um mundo bem diferente, um mundo bem natural com uma humanidade visualmente e mentalmente inferior. O mundo na verdade está dividido em duas “raças”: Os Elóis, seres de aparência bela, semelhantes aos humanos, mas que vivem em estado quase animalesco, intelectualmente inferior. E os Morlock, seres que vivem no subsolo (em estado ainda mais animalesco) e que dominam os Elóis, dos quais também se alimentam. 
Temos uma gama de pensamentos do viajante em relação aos rumos que o mundo tomou. Talvez a humanidade tivesse chegado ao ápice do desenvolvimento social e científico até que “estacionou” e começou a declinar. Assim como as reflexões de como a humanidade se dividiu em duas raças, em que uma passou a dominar outra.

A Máquina do Tempo é um ótimo livro, não só na história, como na narrativa que lhe prende. Há tantas coisas, tantos fatores sociais e políticos  a se analisar nesse livro que dá pra entender por que é uma história tão famosa, e por que foi o ponto de partida para tantas obras do gênero.
 

Em 1960 foi lançada uma adaptação para o cinema, dirigida por George Pal.


No filme, o viajante, por motivos óbvios, tem um nome: George Wells, numa direta homenagem ao seu criador. O filme, na história em si (mesmo com coisas diferentes, que me decepcionou), é fiel ao livro e merece o título de clássico, mas é vítima da maldição das adaptações cinematográficas de livros. Quando um filme é adaptado de um livro a exigência é grande e a concorrência desleal. Por mais fiel que fique o filme, sempre vai estar á sombra da obra original. Eu como fã de cinema e livros tenho que admitir que um filme quase nunca vai conseguir passar o que o livro passa. Nos livros temos conhecimento de todos os pensamentos e sentimentos do personagem, é aí que o filme de George Pal sai perdendo. O maior fascínio que o livro de Wells desperta é por todas as questões que ele levanta, e por todo o “contato” que temos com o protagonista, no filme isso não acontece.

Morlocks


É até um pouco de falta de noção esperar uma adaptação do livro “A Máquina do Tempo” com todas as particularidades do mesmo. Mas com todas as coisas que ficaram cortadas, no filme a história perde o teor filosófico e passa a ser apenas um filme “visual”.


Mas isso não é o suficiente pra desprezar um filme tão louvável.  A atuação de Rod Taylor como o viajante do tempo ficou muito boa, “incorporou” o viajante que eu tinha na cabeça quando li. As cenas iniciais são praticamente idênticas ao descrito no livro. Os efeitos são belíssimos, embora para a geração atual (da qual eu faço parte) eles pareçam bastante grotescos. Mesmo assim, duvido que você não fique emocionado com a primeira passagem de tempo da máquina. E o mais importante: A máquina. Merecedora de fazer parte da coleção de qualquer admirador da história.


Lembrando que  é um filme que deve ser visto levando em conta a época em que foi feito. Como já citei, os efeitos são belíssimos, mas sou bem suspeita porque tenho certo fascínio pelos efeitos mais rudimentares. Infelizmente, “A Máquina do tempo” de 1960 é um filme que há tempos, está sendo esquecido pelos cinéfilos. Uma pena, porque além de ser bom, é um filme histórico cinematograficamente, e que homenageia uma das obras mais brilhantes da literatura.


O livro de H.G Wells e o filme de George Pal me lembram algo muito bom, e ao mesmo tempo outra grande vantagem dos livros: O tempo não os esquece, ou pelo menos, demora muito mais para esquecê-los. Enquanto O filme de 1960 está sendo esquecido e se tornou “atrasado” (o que é uma pena), o livro de 1895 continua muito atual. E se no futuro se tornar esquecido, talvez já tenhamos realizado o sonho das viagens no tempo...