sábado, 18 de outubro de 2014

O antigo e o avançado




Ainda me assusto um pouco com as tecnologias. Sou uma pessoa jovem, da nova geração, e apesar de passar a infância sonhando com a realidade dos filmes de ficção cientifica, durante esses quase 20 anos de vida fui vendo mudanças e ainda me assusto um pouco.

Essa semana baixei o emulador do SNES no celular (há pouco tempo estava com um celular que ainda não possuía tecnologia touch). Mesmo que já soubesse que jogos bem mais avançados já rodavam em certos celulares, e tendo achando lindo jogar um Dead Space no celular de um amigo, ver os jogos do SNES no meu celular foi meio chocante.

Há uns anos eu precisava de uma lata relativamente gigantesca e  um cartucho que era meio caro para poder jogar. Jogar o Ninja Gaiden II no celular com opções de salvar a cada pulo me lembrou o esforço que era conseguir terminar esse jogo antigamente. Posso dizer com certeza que Ninja Gaiden I e II estão entre os jogos mais difíceis que já peguei.
Curioso que observando bem, Megan Man, Donkey Kong, Mortal Kombat, jogos tão fantásticos vistos naquela tela tão pequena me causa uma triste impressão: ficam parecendo jogos “de celular” mesmo! Comparando aos gráficos de hoje, parecem realmente muito simples.

Com  8 anos tinha vontade de chorar depois de jogar várias vezes uma mesma fase de um jogo até conseguir passar, isso quando a fonte quebrada do meu console não morria, ou quando minha TV velha sumia com as imagens e só voltava com boas pancadas (vai bater numa TV de LCD pra ver se dá jeito). Quando com muito estresse, choro e ranger de dentes esforço consegui zerar o Contra (outro jogo filho-da-mãe) sem a opção de salvar (e sem o Código Konami, que infelizmente eu não sabia), nunca imaginaria que no futuro poderia pegar aquele mesmo jogo numa tela mínima e dar um save antes de qualquer ação. Também não imaginaria que mesmo nos consoles de verdade, aquela famosa tela de Game Over, não seria tão presente nos jogos.

Quando tinha videocassete, tinha que assistir Titanic em duas fitas (era linda demais aquela capa gordona), e quando o DVD apareceu, achei incrível. Lembro quando um tio comprou um DVD (o único na família que tinha) e tive a chance de assistir o primeiro filme sem a antiga lata preta: Homem Aranha. Passava horas nas locadoras só imaginando alguma forma de conseguir ter acesso à tantos filmes, já que era raro conseguir alugar, minha fonte era os poucos parentes que tinham para emprestar e ir assistir na casa. Eu sonhava com o dia em que meu quarto seria cheio de prateleiras com DVDs e fitas-cassete, e também ficava louca imaginando onde conseguiria aquele filme que vi em tal revista ou livro, mas não encontrava em lugar nenhum.  Mal sabia eu que num futuro próximo estes filmes que antes precisavam ser rebobinados e reservados em locadoras, estariam a dois cliques do meu alcance.

Quando fui ao cinema pela primeira vez assistir ao Homem-Aranha 2 , fui apresentada à um novo mundo, dez anos depois cá estava eu fascinada com a bela cena de abertura em 3D do Espetacular Homem-aranha 2. Obrigada, tecnologia.

Curioso que comparando, você percebe “defeitos” que o costume com a tecnologia de hoje não deixa que passem despercebidos. No Matrix Reloaded, há a fantástica cena de Neo com os vários Agentes Smith. Hoje em dia ao assistir essa cena, com facilidade vejo os bonequinhos computadorizados (o que não tira o mérito da cena e do filme).


Agradeço à tecnologia. As TVs trazem imagens que são muito, muito mais belas do que a realidade, tenho experiências incríveis como a que tive assistindo “Gravidade” (só lamento por você que não assistiu a esse filme no cinema), e quando tiver uma experiência com Oculus Rift, acho que  vou entrar em êxtase, mas...

Faço parte do grupo saudosista um pouco chato. De certa forma, parece que as dificuldades que tínhamos antes não importavam tanto. Ainda consigo sentir o cheiro das prateleiras que tinham as fitas mais velhas da locadora do meu bairro. Como aquelas prateleiras eram bonitas! E fico pensando em como as fotos realmente tinham importância. Precisava de toda uma preparação para fotos, e uma quantidade limitada que sua câmera tiraria, ou a de um amigo que tinha emprestado pra aquela ocasião especial. Hoje num celular podemos tirar essas fotos o tempo inteiro, jogar e ainda acessar a internet.
Fico pensando se no futuro, as crianças jogarão num PS10 e ficarão pensando como jogávamos em gráficos “pobres” do PS3. Se pensarão que a idéia de ir à uma sala de cinema para ter maior qualidade no filme era absurda. E se os efeitos dos filmes desta década parecerão “ruins” como os efeitos dos filmes de cinco décadas atrás nos parecem.


Em ordem, Os King Kongs de 1930, 1976 e 2005. Abaixo, César, o protagonista  de um dos grandes filmes do ano. Perto de César, nosso King Kong de 2005, que foi muito comentado pelos efeitos, parece um pouco falso.

O macaco César em "Planeta dos Macacos, O Confronto".  


Mas também penso se as crianças dessa geração terão tanto o que contar quanto as crianças que nasceram na década de 70, 80 e 90.
Bem, saudosismo causa muita frustração. Sinto saudades de várias coisas, mas tenho facilidades e experiências que anos atrás não tinha. E olhe que sou jovem, nem de longe tenho as experiências de uma pessoa que foi criança nos anos 80. Queria poder ver a reação de pessoas que não chegaram a viver o final do século XX, vendo a tecnologia hoje. O filme "De Volta para o Futuro" acertou em muitas “previsões”, mas estamos muito melhor do que imaginaram. Fico pensando se daqui a 60 anos eu estarei surpresa com o avanço, ou se simplesmente não me surpreenderei. Talvez ninguém se surpreenda.

Por enquanto fico esperando a inauguração de algum sala de cinema Imax aqui em João Pessoa e esperando minha oportunidade com o Oculus Rift.


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