Pequeno texto com algumas reflexões...
Há muitas coisas bem comuns em vários bairros que você vá: Salões de beleza,
mercadinhos, padarias, academias. Há pouco tempo uma coisa também bem comum
eram as famosas videolocadoras.
Não é segredo para ninguém que elas estão se tornando quase artefatos
históricos em cidades. O que era coisa de quase uma em cada bairro, se tornou coisa rara. Dependendo do tamanho da cidade,
há pouquíssimas remanescentes.
Também não é segredo o motivo da morte rápida de quase todas elas. Com o avanço da pirataria, houve a disposição da grande massa, uma enxurrada de
filmes a preço de banana. Mais barato e acessível (redundância?). Fazendo uma
concorrência desleal ao mercado de filmes. Trazendo lançamentos a preços dez
vezes menores do que o vendido em lojas. O negócio ficou ainda mais feio com a
popularização definitiva da internet a partir dos anos 2000. Agora, as
pessoas têm, além de serviços como o Netflix (que lhe disponibiliza através de
assinatura, um acervo ilimitado de filmes), um verdadeiro mundo de filmes de
graça, à apenas “dois cliques”. Uma derrubada feia às videolocadoras, que não
tinham como competir quando um fator tão crucial estava em jogo: dinheiro. Até
porque, na internet se encontra o que nem em todas as locadoras era possível:
Filmes de 50, 80 anos atrás, aquelas produções independentes mais obscuras (no
bom sentido) que você lia sobre em alguma revista, mas parecia impossível de
encontrar.
Toda essa disponibilidade foi a desgraça das videolocadoras, mas um prato
cheio para muitas pessoas, principalmente para as “não tão ricas”. E hoje, elas
ainda existem, assim como existem seus frequentadores, mas não em quantidade
tão grande como antes.
É aí que começa a parte triste.
Alugar um filme era quase um ritual. Não só para os que estavam nas
locadoras todo final de semana, mas também para os que não alugavam com tanta freqüência,
que geralmente fazia sessões com amigos. Era quase um ponto de encontro, onde
se escolhia com amigos os filmes da sessão que ia acontecer logo. O hábito de baixar
filmes se tornou uma coisa mais solitária. Faz o download, põe no Pen Drive e
assiste. Mas mesmo que você faça o download e assista com amigos, não se
compara ao ritual da videolocadora.
Digamos que não desfrutei muito. Vi a morte delas (que ainda não teve fim)
começar no inicio da adolescência. Quando vi a primeira locadora da região (
bairros vizinhos) ser fechada, tive um susto. E quase chorei quando A locadora da minha infância foi fechada. Essa era especial. Era
pequena, mas tinha o maior acervo de filmes da região. Filmes antigos,
clássicos obscuros do cinema trash (que na época eu nem sabia o que era cinema
trash), séries das quais eu nunca tinha ouvido falar. Essa era uma
espécie de mundo paralelo (exagero), eu me perdia nela e tinha esperanças de
ficar amiga de quem trabalhasse lá na triste ilusão que ia conseguir pegar
filmes de graça. Foi meu sonho de infância,
enquanto não me formasse, trabalhar em uma videolocadora, assim poderia
assistir todos os filmes do mundo.
Infelizmente eu não era uma cliente assídua, alugava filmes pouquíssimas vezes (nem preciso dizer o motivo), mas fazia visitas com muita freqüência. Acho que os atendentes, depois de um tempo começaram até a estranhar, aquela menina que passava horas olhando os filmes e quase nunca locava. Ou talvez por eu ser criança, nem se importavam. Foi triste ver aquela locadora tão rica, tão cheia de raridades (e com tanta história na minha vida hehe), anunciar seu fechamento com as vendas dos filmes a preços tão baixos. Vi as locadoras de onde morava e tinha morado, serem fechadas uma a uma, poucas sobreviveram.
Infelizmente eu não era uma cliente assídua, alugava filmes pouquíssimas vezes (nem preciso dizer o motivo), mas fazia visitas com muita freqüência. Acho que os atendentes, depois de um tempo começaram até a estranhar, aquela menina que passava horas olhando os filmes e quase nunca locava. Ou talvez por eu ser criança, nem se importavam. Foi triste ver aquela locadora tão rica, tão cheia de raridades (e com tanta história na minha vida hehe), anunciar seu fechamento com as vendas dos filmes a preços tão baixos. Vi as locadoras de onde morava e tinha morado, serem fechadas uma a uma, poucas sobreviveram.
Hoje se faz downloads de filmes em Full HD, filmes raros e
desconhecidos, séries e etc. Você pode passar horas pesquisando na internet,
entrar em sites que tem acervos ótimos e que parecem infindáveis. Há programas
que reproduzem os filmes com menus, tudo idêntico ao que vem no vídeo. Tudo isso
quase de graça, mas que não se compara á experiência de “caçar” os filmes nas
prateleiras das locadoras, levar pra casa e até mesmo conversar sobre cinema
com os atendentes. Assim como assistir um filme em casa, deitado, e com um
banquete ao redor, nunca vai se comparar a ver no cinema. Todo mundo sabe disso,
mas talvez, nem todos tenham percebido e sentido a falta que as videolocadoras
fazem, e o que isso representa. Mas o que isso representa fica pra outro post.
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